Como você lida com os pratinhos da sua mente?
Apesar de não controlarmos nossos pensamentos, podemos escolher como interagir com eles.
“Nosso cérebro nos bombardeia com pensamentos, 24 horas por dia sem descanso. Como outros órgãos do corpo, ele faz isso de maneira automática e contínua” (Pia Callesen). Parte desses pensamentos tem um conteúdo que pode ser desagradável, focado nos problemas das nossas vidas. Quando ruminamos esses pensamentos pioramos nossa situação.
Ruminar significa ficar preso em um ciclo de pensamentos repetitivos e negativos. Frequentemente esses pensamentos são relacionados a problemas que não têm uma solução imediata. Assim como um disco arranhado, repassando várias vezes as coisas que precisamos resolver. Esse processo está frequentemente associado a aumento de ansiedade e sofrimento.
Como nossa mente funciona?
Nossa mente opera em diferentes níveis, algumas partes são conscientes e controláveis, enquanto outras são mais automáticas e fora do nosso controle. A parte consciente cuida do pensamento racional, planejamento e outras funções. Essa parte tem a capacidade de direcionar nossa atenção para um objeto, tarefa ou ideia.
A parte automática inclui reações que acontecem sem pensamento consciente, como piscar, respirar ou retirar a mão de um objeto quente. Também inclui lembranças ou imagens que surgem em nossa mente sem que tenhamos controlado sua aparição. Ou seja, assim como não precisamos mandar nosso coração bombear sangue para o resto do corpo, nossa mente faz seu trabalho sem nos pedir permissão.
O que você faz com os seus pratinhos?
Em seu livro a psicóloga me apresentou uma metáfora que vou desenvolver aqui.
Pense em um restaurante japonês com uma esteira de sushi. A esteira está constantemente em movimento, trazendo uma variedade de pratinhos de sushi. Cada pratinho é um pensamento, sentimento, lembranças e imagem que surgem na sua mente. A esteira nunca para de se mover, assim como nossa mente está sempre gerando pensamentos. Alguns pratos podem parecer deliciosos, outros desagradáveis.
Quando você escolhe um pratinho de sushi, é como focar em um pensamento ou sentimento específico. Talvez você não goste de um determinado prato e retire da esteira. Agora o prato está na mesa, diante de você e tendo sua completa atenção. Pior, pode ser que outro prato desagradável surja na esteira, você repete ação e tira ele também. Com o tempo percebe que a sua mesa está cheia de pratos que você considera ruins e fedorentos. Você nem consegue observar os outros pratos interessantes que estão na esteira.
Nosso fluxo mental é assim. Não temos controle sobre o que vem na esteira, porém temos algum grau de controle sobre como interagimos com o que surge na esteira. Pia Calessen apresenta uma solução para esse problema:
“Pensamentos, imagens e impulsos nos visitam brevemente e podem desaparecer se não nos agarrarmos a eles, se não os reprimirmos nem tentarmos resolvê-los. Se não os fixarmos na mente e não os acessarmos o tempo todo, em algum momento eles vão embora, passando como grãos de areia em uma peneira” (Pia Callesen)
Isso requer prática e pode ser desafiador, mas é possível. Uma das maneiras de aprimorar essa habilidade é por meio da terapia, que pode nos ajudar a aprender a lidar com a torrente de pensamentos e a escolher quais pratos queremos manter em nossa mesa.
Referência:
Livro: Viva mais, pense menos: Como evitar que pensamentos negativos se transformem em depressão – Pia Callesen


